sábado, junho 04, 2005

Amor de papel

Fiz um outro amor de papel.
No dia em que eu dobrava o anterior, retirava a tirinha do envelope como fosse brincadeira.
O próximo.
Daí que não era um bom nome.
Depois pensei: e qual deles algum dia teria sido bom nome? Fiquei brincando com o nome dele entre os meus dedos.
E meu sorriso encontrando o dele pelas esquinas o tempo todo.
E as vontades saindo de trás das árvores sob o sol das duas da tarde.
Está todo mundo olhando, eu pensava.
Ele nem ligava.
Ligava, sim.
De hora em hora.
E eu deitada sobre o tapete da sala respondendo risadas indecentes.
Entrava no banho e gritava com o sabonete que insistia em me lembrar que aquele não era um bom nome.
Dane-se.
Me faz feliz.
Tenho tantas risadas esparramadas pelo tapete que ninguém acreditaria.
Então minto.
Esfrego os olhos e digo que chorei a noite inteira......

Texto de Ane Aguirre

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