domingo, agosto 28, 2005

O vento

Posso ouvir o vento passar
assistir à onda bater
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver...
Eu pensei
que quando eu morrer
vou acordar para o tempo
e para o tempo parar.
Um século, um mês,
três vidas e mais
um passo pra trás?
Por que será?
...vou pensar.

- Como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?
- Não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer
e isso, eu vi,
o vento leva!
- Não sei mas
sinto que é como sonhar
que o esforço pra lembrar
é a vontade de esquecer...
e isso por que?
Diz mais!
Uh, se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem então
o que resta é chorar e talvez,
se tem que durar,
vem renascido o amor
bento de lágrimas.
Um século, três,
se as vidas atrás
são parte de nós.
E como será?
O vento vai dizer
lento o que virá
e se chover demais
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz.
Só de encontrar... ah!...

Rodrigo Amarante (Los Hermanos)

Love

quinta-feira, agosto 25, 2005

Faz uma coisa?

Enterre, não precisa cavar, basta olhar!
Perca, vontade não traduz atos no teatro da crueldade.
Seja, carrasco dos desejos contidos nesse coração.
Vingue, aquele que não faz nada diante do medo.
Chore, lavando a alma em pé em frente ao derrotado.
Ame, que vai passar pela vida como a madrugada.
Desperte, perceba que é tarde impossível recomeçar.
Inicie, depois do parto, não há como voltar.
Desperdice, flagele o passar com desprezo.
Esquece, nada vai mudar adiante.
Promete, que não vai vestir preto no meu enterro?
Promete?

Estou indo...

Tudo no silêncio é claro
Vai abrindo clareira nesse espaço
A forma, abismo infinito de sonhos.
Vai caindo, caindo, caindo, caindo...
Não se vê nada passar
Não se ouve ninguém chamar
Não se percebe a vida acabar
Mas tudo parece tão calmo agora
Não sinto o vento bagunçar meu cabelo
Não vejo as crianças correndo pela calçada
Adultos não estão no plano dos sonhos
Não acreditam mais, limites!
(Temos que ter cautela e responsabilidade)
Prefiro cair e cair e cair e cair...
Mesmo com o mundo de martelo em punhos
Pronto para selar minha sentença
Afundei muito, muito fundo.
O nada me levará
Conversarei com o silêncio
Lá no fundo
Não vou mais voltar

quarta-feira, agosto 24, 2005

A dor que alimenta a alma

De onde vem todo esse barulho?
Desmoronando em meu peito
Chamando a atenção de todos em volta
Não
Não há nada em volta
O barulho sou eu
Franca tristeza
Apodere-se de toda a raiva
Transforme em flores tudo que machuca
Prove que existe coração
Que não somos uma ilusão
Faça da vergonha uma arma
Dispare no céu
A ferida que vai abrir sangrará sobre a terra
Lavará almas imundas
Solitárias
Vazias
Incompreendidas
Esperam pelo nada bradando insultos mudos
Fazendo barulho
Ninguém escuta nada