sábado, novembro 05, 2005

Remando

Longe do mar
Dando seqüência a nova onda que se desmancha na areia
Daqui não consigo ver isso acontecer
Consigo me lembrar de um passado distante
Estava livre para ver a maré
Daqui não consigo ver se estava cheia ou não
Datas continuam impressas em calendários
Na memória alguns rostos
Não esboçam nenhuma reação
Mistura-se ao festival de lembranças e tormentos
Só mais um corpo que vaga
Seu rosto está preso aqui
Daqui não consigo distinguir
O vento não está a favor
Meus braços não agüentam mais remar
Jogando os mortos pela janela
Alguém vai cuidar bem deles
E tudo vai ficar bem
Em breve vamos nos encontrar
Sendo consumidos pela terra que já não é tão farta
Daqui não consigo entender o que ela quer dizer
Ela me viu crescer
Alegrou-me quando estava na janela
Quando não levava a vida tão depressa
Foi só mais uma estação que passou
Não deixou nada para os demais
Daqui consigo ver as paredes crescendo
Os brinquedos sumindo e as crianças mudando
Enquanto estou aqui remando
A tarde vai caindo
Daqui consigo ver a vida acabando

Um comentário:

Anônimo disse...

sandrinho, pirei no texto.
ja pensou nisso cantado?
:****