segunda-feira, fevereiro 06, 2006

No fim do corredor à direita

São nesses casos que fico atordoado, quando tudo está para acontecer e não consigo sair do lugar, insisto em ver o dia passar, calado. Com as mãos no rosto, olho para onde o sol se esconde, tudo é tão cinza aqui, nenhum anjo vem soprar novidades, apenas apontam no horizonte o lugar aonde o sol se esconde, não posso seguir até lá, a luz ofusca minha visão. Esse não é um motivo real para desviar minha visão para o chão, também não me escondo do que acontece, imperceptível, todo o lugar busca a minha ausência!
Decorando festas alheias com a minha partida, sigo listras espalhadas no caminho, distraído com o vento que refresca esse calor insuportável que é estar preso dentro desse corpo, não tenho para onde voltar. Vozes sussurram ao ouvido...Vamos lá...Vamos lá?
Duvidas? Elas aparecem e desaparecem e acabam por aparecer novamente, nunca somem de vista, estão sempre nas localizações, sempre por perto, dentro de você, onde você gosta de ir, onde você acha que conhece todos os detalhes, lá está ela, soberba! Onipresente destruindo vidas inteiras por ser tão bela, a minha também. Fico a margem de seu sorriso, não tenho coragem de me aproximar mais, quero falar com o seu coração sem rosto, prometo dizer a verdade, o que acho que é a verdade, não sei em que você acredita, na verdade não sei no que eu acredito. Perturbado! Ainda está para acontecer, o que? Eu não tenho a mínima idéia, gostaria que alguém me explicasse essa ansiedade, todas as ofensas ao nada, as brigas com a noite, os monólogos sobre ser bom e mau, ter milhares de rostos e apenas um nome. Busco apoio naquilo que não serve pra nada, torna-se entulho, lixo de luxo, não suprem a vontade ser, sim ser, todos são, eu também! Bem, não sei, estou aqui, acho que isso deve valer alguma coisa, o mínimo, o premio pela participação, aquele adesivo dizendo “eu participei” ou uma camiseta do tipo “eu estive lá” me sinto bem melhor com isso. Por favor, pode me dizer onde é que fica o banheiro? No fim do corredor à direita. Obrigado! Preciso vomitar minha vida na sua privada, deixar manchada a sua casa tão limpa com a bílis que sai de mim. Acumulando dor no travesseiro, o tempo me empurra pelos dias que nascem, são repetidos a exaustão, não vão ter fim, estarão lá mesmo quando a terra consumir todos os corpos, ainda estarão lá, fazendo o percurso ou cumprindo pena por não fazer nada, só a sua função.

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