quinta-feira, janeiro 03, 2008

Às vezes o título não é tão importante

Mas... Onde está aquela vontade dos iguais e desiguais de estarem livres como o ar? São poluídos pelo invisível e inevitável inimigo, eles mesmos. Apossa-se dos meus bens e afronta o que amo (ou acho que amo), mostrando a dor de estar preso em ira. Nem um olhar de piedade virá dos céus, talvez alguns feixes de luz que cegam por serem tão brilhantes e fortes, carícias oferecidas por uma natureza que hoje é suja, graças também a mim. Não sou merecedor dessas carícias, não alivia o chumbo em meu peito saber que não sou o único e sim mais um, que grita a todos, mas não move um dedo ou olha para cima, deixa ecoar a vontade, mas a reprimi por ser o inimigo.
Não vá dessa vez, já que está aqui e veio de tão longe, fique e aprecie a mutação de quem não sabe mais o que fazer, não servirá de muita coisa a mudança, ela nem vai existir, não vai ser real, vai explodir no que penso e destruir tudo o que sinto. Sou o salvador? Venho fazer o bem? Não consigo fazer nem o que posso fazer, não estou flutuando sobre pontes e viadutos com a consciência limpa por não ter feito nada de errado durante toda a vida.
Moscas mergulham no céu em minha direção, encontram também uma calçada suja, mas não é esse o alvo. Desvencilho-me delas e tento continuar a andar, retomo minha linha de raciocínio. Não existe uma linha de raciocínio! Na verdade não penso mais em nada, deixo meus olhos livres para vagar por aí, buscam algo que desejam, mas sempre escolhem o asco como principal atrativo, o tipo de coisa que faz pensar, não era essa minha intenção. Destino! Muda todo o rumo que estava traçado, já que você é o que vai acontecer, mostra! Mostra onde posso estar, até onde vai sua breve existência, se é que você existe... Abandona seu dono, cruze os braços e observe, não verá nada de absurdo nem nada de interessante, só a rotina, sempre a mesma rotina. Já tentei, fiz com que meu objetivo aparecesse, evoquei do nada o que imaginava querer e persegui, acreditando que era o melhor a fazer, que ficaria em paz, mas o que queria não era o que imaginava, nada é como imagino. Acabo por criar coisas, imagens, idéias, temores e amores e mesmo assim não são como imagino. Levo tudo de volta pro lugar de onde saíram, descubro que ainda há mais, desorganizados, empilhados, jogados em todos os cantos que não existem. Esperam por uma chance... Eu também...

Um comentário:

Lucas Lutero disse...

Voltando em belo estilo. Se eu encontrasse esse texto perdido em outro lugar não aqui, eu não diria que é seu.
abraço mano!