terça-feira, junho 21, 2005

Junho

Provisório

Sempre segui sozinho
Sendo derrubado a cada esquina
Sentido o chão no rosto
Ele também toca o céu
Cercado por pés e sapatos
Desamarrados tropeçam nas estrelas

Atirando
O cansaço atrai desatarefados
Mostrando rotinas tão bem torneáveis
Transgredindo gravatas
Abraçando tudo que é nada
As cortinas estão fechadas
Impedindo que o mundo entre
Não se mostra a favor
Contando os espaços na parede
Dando lugar para o que sobrou do tempo

Lá fora a cidade cresce
Com seus prédios tapando a lua
Seus becos se alongando
Por entre ônibus e esquinas
Esvaziando sonhos
Calando bueiros
Que insistem em não desaparecer
Tantas tendências insanas
Ingratas
Dividem o espaço com o que sobrou
Diluindo a essência do purgatório
Nas margens do rio da memória

A busca incessante se interrompe desse lado da rua

Não sei ser persistente
O que me veio é livre para ir
Não existe
Semelhança no que é de bem
Sobras do que é bom
Verdade no que é real
Transparência nos olhos
Decadência sem exaltação
Morosidade sensata

Vago o lado oposto
Explorando a fraqueza exposta
No âmago da sensibilidade
Nem todos podem ver
Inimigo da luz
Nasce dentro do sol

Conivente da dor
Valorizando minúsculos detalhes
Não tem importância
A ilusão esta ao meu lado
Alimentando essa dor
Vendo ombros encolhidos
Afeito se distrai
Paciente aguarda deslizes
Não provoca
Sabe que logo tudo volta ao normal

Continuar normal
Diferencia cada sentimento da razão
Estando apto e sendo correto
Humanos parecem coerentes
Simples de resolver
Só mudar de canal

segunda-feira, junho 20, 2005

Grãos

Cada passo
Cada olhada
Cada vez que não presto atenção
Olhando a janela molhada
Deixando o copo cair no chão
Cacos espalhados pela casa toda
Feridas se abrindo
Por falta de atenção
Orgulho manchado com sangue puro
Tudo culpa do acaso
Que quebra e se espalha
Sem nenhum aviso
Deixando seqüelas jogadas em todos os cantos
Impossível juntá-las
Impossível sair ileso
As manchas
Os cacos
Lembranças do passado
Pequenos grãos
Estão em toda à parte
Cuidadosamente colocadas ao acaso
Onde não posso tocar
Não posso mudar!

terça-feira, junho 14, 2005

Naufrago dos desejos inacabados

Por traz de nuvens cinzas
Sufocado entre paredes com um sorriso livre
Perturbo o sono dos anjos
Muda, pesado coração!
Fique atento ao passar dos dias
Eles trarão de volta o sorriso livre que se foi
Calmo como o silencio
Espalhando fel nos lábios sem amor
Estarei aqui
Acreditando em mentiras!
Logo
O fantasma das escolhas vai chegar
Mostrando as crianças solitárias
Apontando armas para todos a sua frente
São inocentes
Não faça barulho quando chegar
Deixe os mortos descansarem em suas covas
Aberto
Deixo o fogo queimar
Farsa
Acontece também em beijos
Ecoa nessas paredes
Tudo o que não foi dito por essa boca amarga
Em seu constante desespero!

Heart

segunda-feira, junho 13, 2005

Mais um dia

Não sou bem vindo
É muito simples estragar tudo que esta ao meu redor, não sei sorrir, não consigo dar atenção as coisas que considero importantes, não sei começar de novo, nunca consegui me levantar, o chão é tão cômodo mesmo com tudo passando por cima de mim pisando no meu rosto, jogando bituca de cigarro e apagando no meu braço, acostumado. Sou ignorado, o amigo de todos, distante de todos, não é agradável ter como companhia o que atrai o errado, que não sabe viver a vida que tem.
Expulso por corações, não sou de verdade, não entendo esse respirar, não vejo nada acontecer e não entendo como cheguei até aqui, arrastado, empurrado, obrigado, assim como latinhas têm seu rumo nas ruas sendo chutadas por crianças, amassadas por carros se locomovem. Distancia, tudo sempre fico tão longe de mim, tinha esperança de alguém me segurar pela mão e me levar de encontro com mudanças, isso nunca aconteceu, as horas se estendem, as garrafas vão ficando vazias na mesa, se acumulando como se isso fosse um privilégio, fitas, discos, filmes, livros, refúgios não trazem uma melhora, não sustentam uma esperança, só enganam a fome te transformando em dependente não quero fugir desse estigma destinado a mim, vão ficando cada vez mais visíveis às marcas, estão no meu rosto, no meu corpo, na minha mente, na minha alma, no meu coração, não é preciso esforço pra ver é só olhar para mim. Uma coisa difícil, uma exceção que pode acontecer e, desfrutei disso uma ou duas vezes no percurso que me trouxe até aqui, olharem para mim, todos sabem que estou aqui, o cara que tem aquele filme e aquele disco, mas ninguém sabe quem eu sou, quem olhou mais a fundo saiu triste, se machucou, isso me deixa péssimo, só faz crescer a certeza de que não sou uma boa companhia, de que meus refúgios fúteis são uma solução desesperadora, mas me fazem respirar um pouco, me tiram desse plano por uns momentos, momentos que aprecio, que me tiram um falso sorriso, sorriso sem alegria, sem perspectiva, sem ilusão, um não sorriso, um simples levantar de lábios, que me transforma e me deixa ser aceito pelos amigos, vizinhos, conhecidos e humanos!
E agora? E o daqui p’ra frente? Não sei, estou aqui, ainda, mas sinceramente não me importa o “e agora?” Tudo tende a se estender, o corpo dos humanos tem a capacidade de se adaptar a diversas situações de vida, esse é um ponto positivo aos que tem que aprender a se adaptar, já que não resta outra escolha! Sei que ninguém vai se importar, viver é mais importante, aproveitar oportunidades, fazer escolhas, construir, evoluir, mudar, o destino escolheu me deixar aqui, sozinho, sonhando como seria se fosse assim ou daquele outro jeito, ou se aquilo realmente tivesse acontecido, se tivesse dado certo, seria muito bom, seria diferente, um novo começo. Não aconteceu, não deu certo, não foi bom, não foi diferente, e um novo começo não existe, já começou há muito tempo atrás, agora, de novo o e agora, vou me preparar para quando acabar e não sei, se isso vai demorar, se vai ser doloroso, acho que não vai ser tão doloroso quanto o dia de hoje é ou o dia de amanhã vai ser, vai chegar o dia em que vou descobrir isso também, e aquele disco, aquele filme, aquela musica, não vai ter mais importância nenhuma e também vai desaparecer, o ultimo suspiro será verdadeiro, espero que seja a única coisa que não foi em vão nessa vida!

domingo, junho 05, 2005

Silence

As vezes é melhor não dizer nada!!!

Texto "Amor de papel" postado por Cris Prieto

sábado, junho 04, 2005

Amor de papel

Fiz um outro amor de papel.
No dia em que eu dobrava o anterior, retirava a tirinha do envelope como fosse brincadeira.
O próximo.
Daí que não era um bom nome.
Depois pensei: e qual deles algum dia teria sido bom nome? Fiquei brincando com o nome dele entre os meus dedos.
E meu sorriso encontrando o dele pelas esquinas o tempo todo.
E as vontades saindo de trás das árvores sob o sol das duas da tarde.
Está todo mundo olhando, eu pensava.
Ele nem ligava.
Ligava, sim.
De hora em hora.
E eu deitada sobre o tapete da sala respondendo risadas indecentes.
Entrava no banho e gritava com o sabonete que insistia em me lembrar que aquele não era um bom nome.
Dane-se.
Me faz feliz.
Tenho tantas risadas esparramadas pelo tapete que ninguém acreditaria.
Então minto.
Esfrego os olhos e digo que chorei a noite inteira......

Texto de Ane Aguirre

quinta-feira, junho 02, 2005

A mente no lugar

Como tudo começa?
Com os pés no chão?
Com a mente no lugar?
No centro do seu lar?
Emudecido pelo som de pensamentos
Não posso falar, não posso pensar
Não tenho vontade de fazer bonito
Não tenho vontade de agradar
Sendo desagradavel
Seguindo a vida
Entrando e saindo sem nenhum motivo
sem nenhum aviso.
Ela vai caminhando pela estrada
Esta descalça
Pensa que esta andando no céu
Pisando em nuvens e sendo guiada pelo vento.
Não param o mundo só para você passar
As estrelas não param de brilhar
Quando você tenta iluminar a noite com um sorriso
É simples
Eu fecho meus olhos e tudo para
Quieto demais para pensar
Vou tirar meus pés do chão e a mente do lugar
Só assim para entender
A variedade de faces escolhidas pela mesma pessoa
Sigo sem saber
Sigo sem entender
Sigo sem sonhar
E tudo vai mudar e acabar!